Às vezes, os rótulos são colocados por causa de características verdadeiras: o cara que nunca paga nada para ninguém passa a ser considerado pão-duro. Outras vezes, as pessoas rotulam por gozação, maldade, crítica, ou ironia: a gordinha, o narigudo, o manquinho. Também acontece que, por causa de uma bobagem feita uma única vez na vida, a pessoa fique marcada para sempre. Por exemplo, ela se esquece de pagar uma só conta e fica com fama de caloteira.
De qualquer forma, rotular os outros é sempre leviandade. Quem costuma fazer isso gosta de cutucar a ferida e, normalmente, vai naquilo que mais dói ou atrapalha a vida de uma pessoa. É maldade pura. O coitado do rotulado terá muito trabalho e sofrimento para se livrar disso. Ninguém gosta de ficar marcado e nem merece, principalmente se for por causa de uma característica depreciativa.
Determinados rótulos magoam mais, outros, menos. Algumas pessoas não se importam, levando na brincadeira, outras se sentem marcadas, incomodadas e prejudicadas, com a auto-estima abalada. O problema não está tanto em quem é rotulado, mas sim, em quem rotula. Este é que precisa analisar por que faz isso: maldade, inveja, leviandade?
É claro que todos nós, mesmo sem querer, colocamos rótulos, num papo bobo, numa conversa maldosa, ou na hora da raiva. O problema é fica na marcação! Essa atitude, em alguns casos, pode ter consequências sérias na vida da outra pessoa. Precisamos ter mais respeito e consciência para não ficar por aí, rotulando as pessoas, mesmo de brincadeira. Isso ainda é mais cruel com crianças e jovens, pois eles não têm defesa, acreditam no que os adultos dizem e podem se anular, assumindo o rótulo como verdade única sobre si mesmos.
Tanto faz se o rótulo refere-se a um defeito físico, uma falha de caráter ou uma característica psicológica. De qualquer jeito, ele faz sofrer. Dói mais, porém, quando ele é uma verdade incontestável. A pessoa vê seu defeto exposto, mas não tem como mudar e sente-se inferiorizada. Então, em vez de reagir e transformar-se, ela se afunda. O rótulo destrói o que ela tem de melhor, deixando evidente só o negativo.
(Maria Helena Brito Izzo é terapeuta clínica e familiar - Revista Família Cristã / Comportamento)
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