"Ó Deus, criaste-nos para Ti e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Ti!" (Santo Agostinho)

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domingo, 14 de setembro de 2014

As parábolas sobre o Reino

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

       O Divino Mestre apresentou a Sua doutrina por meio de uma rica variedade de temas, entre os quais as parábolas sobre o Reino de Deus. Seu grande desejo era nos fazer conhecer as maravilhas que o Pai tinha preparado, pois não é fácil exprimi-las em linguagem humana. Por isso, torna-se indispensável servir-se de imagens aproximativas, muito penetradas de lógica e verossimilhança, e facilmente acessíveis à nossa inteligência.
         
        Três parábolas sobre o Reino - a do tesouro escondido, e da pérola e a da rede (Mt 13, 44-52) -, são preciosos ensinamentos para a nossa vida espiritual a fim de alcançarmos a eterna salvação.

        "O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que, quando um homem o encontra, esconde-o e, cheio de alegria pelo achado, vai e vende tudo o que tem e compra aquele campo."

        Olhando para os primeiros tempos da Igreja, vemos quanto custou aos judeus e pagãos convertidos "comprar o terreno" no qual se escondia o tesouro da Salvação. A renúncia necessária para alcançar o tesouro era muito grande. Muitos vão renunciar até a família, os bens, a reputação e até, conforme a situação, a própria vida. Quão bem procederam, entretanto, os que abraçaram a Fé Católica!

          A humanidade atual, qual dos dois papéis representa: o do homem que deseja comprar, ou o do que quer vender o terreno com o tesouro? Muitos de nós, hoje em dia, caímos na insensatez de não mais nos importarmos com esse tesouro de nossa Fé, que tanto custou aos nossos antepassados, e pelo qual o Salvador derramou todo o Seu Preciosíssimo Sangue no Calvário. Por quão miserável preço o homem vende muitas vezes, esse tão elevado tesouro, tal como fez Esaú com sua primogenitura, ao trocá-lo por um mísero prato de lentilhas! Hoje, mais do que nunca, multiplicam-se as "lentilhas" da sensualidade, da corrupção, do prazer ilícito, da ambição, etc.

           Essa plenitude de alegria do homem da parábola deve nos acompanhar a vida inteira, sem interrupção, por ser um dos efeitos da verdadeira Fé. A virtude é um dom gratuito; não se compra. Entretanto, sua posse contínua e crescente custa esforços de ascese, e que oremos fervorosamente para aumentar a nossa piedade. É preciso "vendermos" todas as nossas paixões, caprichos, manias, vícios, etc., em síntese, toda a nossa maldade. É o melhor "negócio" que se possa fazer nesta Terra.

          "O Reino dos Céus é também semelhante a um negociante que busca pérolas preciosas, e tendo encontrado uma de grande preço vai, vende tudo o que tem e a compra".

            Na Antiguidade, as pérolas eram consideradas de um valor inestimável. Por essa razão, quem encontrasse à venda alguma de excelente categoria estaria disposto a desfazer-se de todos o seus bens para comprá-la. O texto nos fala de" um negociante que busca pérolas preciosas."

            A presente parábola tem o mesmo significado que a precedente, variando apenas na matéria, ou seja, trata-se de, se necessário for, deixar tudo o que se possui com vistas a adquirir esse "tesouro", ou "pérola", que nada mais é que o próprio Reino dos Céus.

                 "O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha toda a espécie de peixes. Quando está cheia, os pescadores tiram-na para fora e, sentados na praia, escolhem os bons para cestos e deitam fora os maus. Será assim no fim do mundo: Virão os Anjos e separarão os maus do meio dos justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes". 

                  Essa cena de pescaria, tão comuns na vida diária dos discípulos, é recordado pelo Divino Mestre com o intuito de lhes eixar claro que, para penetrar nos Reinos do Céu, é indispensável ser bom cidadão neste mesmo Reino, que aqui começa com a vida sobrenatural. Só assim não seremos excluídos no dia do Nosso Juízo.

                  Segundo muitos santos e outros autores, essa "rede" pode ser interpretada como uma imagem da Igreja, que se compõe de justos, mas também de pecadores. O mal que as vezes encontramos na sua parte humana não deve nos assustar, nem meso escandalizar, nem por isso deixa a Igreja de ser Santa em sua essência, pois é Ela divina. O que no deve importar é buscar essa "pérola" e, encontrando esse "tesouro", abandonar todo apego para sermos bons  "peixes" nessa rede. A tarefa da separação caberá aos Anjos, no dia do Juízo: os bons à direita, os maus à esquerda....

                   Rezemos para, quando os "pecadores" separarem os "peixes" no fim do mundo, estarmos nós entre os bons e não entre os maus.


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