"Ó Deus, criaste-nos para Ti e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Ti!" (Santo Agostinho)

"Faça poucas coisas, mas as faça bem!" (São Francisco de Assis)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Tudo igual?



     Se Deus quisesse tudo semelhante, igual, teria feito só a rosa, mas fez outras flores, aos milhares; teria feito só a banana, mas fez outros frutos, aos milhares; teria feito só o tubarão, mas fez outros peixes, aos milhares; teria feito só a águia, mas fez outras aves, aos milhares; teria feito só um tipo de pessoa, mas fez gente de todas as cores, jeitos, raças e tamanhos. Pouca gente é realmente parecida.

      Mais: Se Deus quisesse tudo igual, não teria feito as pessoas de tal maneira diferentes. Cada um de nós tem o seu DNA, uma espécie de arquivo confidencial do ser humano, pelo qual se podem identificar, com pouquíssima margem de erro, as características de um ser humano. É o nosso cartão de identidade universal. Não existem dois seres humanos com a mesma marca; nem os gêmeos são iguais.

      A ciência está descobrindo o que a religião já sabia: que Deus criou e cria cada ser humano de maneira especial. Mas ela está descobrindo também, mais depressa do que os pregadores de religião, que é impossível a humanidade pensar e sentir do mesmo jeito. Há uma diversidade de sentimentos e pensamentos em cada ser.

      Enquanto a ciência luta para valorizar o diferente, preservar as espécies e salvar da extinção as espécies de vidas raras, destruídas, modificadas ou engolidas pelas outras, esses pregadores querem engolir os outros e lutam para que todo mundo um dia pense, ore, cuspa, ame, louve, dance e diga aleluia como eles. Não toleram outras religiões e fazem de tudo para provar que os outros são errados e eles, certos, melhores e únicos.

      Em resumo: Se Deus um dia destruísse todas as pessoas, tais pregadores certamente sobreviveriam, porque são os únicos escolhidos. Ilusão das ilusões! Se Deus permitiu tantos caminhos de fé, deve ser porque Ele sabe conviver com a fé dos seus filhos. Quem não sabe conviver com a fé dos outros são os religiosos; os maus.

      Uma das conquistas da igrejas e dos países foi o diálogo e a tolerância, depois que a intolerância fez milhões de vitimas. A volta da intolerância religiosa e da pregação de fanáticos que insistem que Deus só aceita gente como eles não ajuda em nada. Isso não é amor.

(José Fernandes de Oliveia (Padre Zezinho) pertenceá Congregação do Sagrado Coração de Jesus, é escritor, compositor, cantor e dedica-se à Pastoral da Comunicação.)  


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Pedir sabedoria

          Jesus alertou e repetiu o alerta: cuidado com os falsos profetas (cf. Mt 7, 15-23). Parecem mansas ovelhinhas, mas são lobos a comer o prato da fé pela beirada. Têm tanto poder em enganar que até falsos milagre realizam para iludir o povo em nome de Deus. Nada os detêm em busca de adeptos, dinheiro, honrarias, poder político e adoração que vem com postura de santos e profetas do altíssimo. Jesus diz que até os santos, os eleitos, cairiam na conversa deles.
          Perguntem aos exegetas. É este o teor dessa pregação de Jesus. Ele estava advertindo seus seguidores para que tomassem cuidado com quem se apossa da doutrina e da fé do povo e o leva a aventuras espirituais perigosas. O apóstolo Paulo teve que enfrentar isso várias vezes. Pedro é duro ao falar dessa gente. É só ler os Atos e as Epístolas para ver que o problema dos falsos profetas milagreiros e santos não é novo.
          As Igrejas todas etão precisando de mais doutrina, consoante o que Paulo pede a Timóteo, uja fé é sincera. Ele deve guardar bem a doutrina que aprendeu (cf. 2Tm 1, 5; 3, 14) sobre morte e ressurreição, proibição de alimentos, anúncios de castigos e fim de mundo. Cuidado com as pessoas que gostam muito de si mesmas ou de dinheiro, que se gabam de seus poderes, orgulhosas, abusivas e irreverentes, ingratas, sem amor e misericórdia, incapazes de perdoar quem não adere a elas. Têm aparência de gente santa, mas negam o poder de Deus. Envolvem as pessoas simples e carentes. Paulo diz que estão sempre aprendendo sem assimilar coisa alguma (cf. 2Tm 3, 1- 9). De resto, Jesus já condenara tais pregadores que fingiam orar em casas de viúvas ricas, mas queriam mesmo os bens delas (cf. Mc 12, 40), a pretexto de prolongadas vigílias e orações. Jesus diz que para tais falsos profetas o castigo seria muito maior.
       Estes são tempos que exigem discernimento e sabedoria. Há verdadeiros e falsos pregadores e profetas entre nós. Sem a graça da sabedoria, corremos atrás de santos e profetas que parecem santos, mas não são. Segundo Jesus, todo cuidado é pouco diante dessa gente. Os verdadeiros seguidores de Jesus não se deixam enganar por discursos piedosos. Exigem conteúdo que não deturpe nem a Bíblia nem os ensinamentos da Igreja. O resto é mentira.

(José Fernandes de Oliveira - Padre Zezinho - pertence a Congregação do Sagrado Coração de Jesus, é escritor, compositor e cantor. Revista Família Cristã. Paz Inquieta.)



quarta-feira, 3 de julho de 2013

Fuja dos rótulos

Às vezes, os rótulos são colocados por causa de características verdadeiras: o cara que nunca paga nada para ninguém passa a ser considerado pão-duro. Outras vezes, as pessoas rotulam por gozação, maldade, crítica, ou ironia: a gordinha, o narigudo, o manquinho. Também acontece que, por causa de uma bobagem feita uma única vez na vida, a pessoa fique marcada para sempre. Por exemplo, ela se esquece de pagar uma só conta e fica com fama de caloteira.
De qualquer forma, rotular os outros é sempre leviandade. Quem costuma fazer isso gosta de cutucar a ferida e, normalmente, vai naquilo que mais dói ou atrapalha a vida de uma pessoa. É maldade pura. O coitado do rotulado terá muito trabalho e sofrimento para se livrar disso. Ninguém gosta de ficar marcado e nem merece, principalmente se for por causa de uma característica depreciativa.
Determinados rótulos magoam mais, outros, menos. Algumas pessoas não se importam, levando na brincadeira, outras se sentem marcadas, incomodadas e prejudicadas, com a auto-estima abalada. O problema não está tanto em quem é rotulado, mas sim, em quem rotula. Este é que precisa analisar por que faz isso: maldade, inveja, leviandade?
É claro que todos nós, mesmo sem querer, colocamos rótulos, num papo bobo, numa conversa maldosa, ou na hora da raiva. O problema é fica na marcação! Essa atitude, em alguns casos, pode ter consequências sérias na vida da outra pessoa. Precisamos ter mais respeito e consciência para não ficar por aí, rotulando as pessoas, mesmo de brincadeira. Isso ainda é mais cruel com crianças e jovens, pois eles não têm defesa, acreditam no que os adultos dizem e podem se anular, assumindo o rótulo como verdade única sobre si mesmos.
Tanto faz se o rótulo refere-se a um defeito físico, uma falha de caráter ou uma característica psicológica. De qualquer jeito, ele faz sofrer. Dói mais, porém, quando ele é uma verdade incontestável. A pessoa vê seu defeto exposto, mas não tem como mudar e sente-se inferiorizada. Então, em vez de reagir e transformar-se, ela se afunda. O rótulo destrói o que ela tem de melhor, deixando evidente só o negativo. 
(Maria Helena Brito Izzo é terapeuta clínica e familiar - Revista Família Cristã / Comportamento)