"Ó Deus, criaste-nos para Ti e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Ti!" (Santo Agostinho)

"Faça poucas coisas, mas as faça bem!" (São Francisco de Assis)

sábado, 14 de julho de 2012

Revigorados pelo amor


Nenhuma palavra é capaz de expressar quem é Deus, mas existem as apropriadas como, vida e amor. Onde existe vida, aí está Deus; onde existe amor, existe vida e aí também está Deus. A morte só é admitida enquanto passagem para uma vida maior, para um amor mais pleno.

A vida é sempre novidade, como o amor. Ambos jamais cessam de renovar o nosso vigor. Fomos feitos pelo amor, nascemos da vida: nossa meta é, portanto, o amor e a vida.

Em nossa existência, contudo, o amor e a vida estão constantemente ameaçados pelos enganos da morte e do ódio. Eles, porem, nunca se identificam com seus verdadeiros nomes, vestem-se de forma sedutora, prometem vida longa, eterna juventude, bem-estar e prazer ilimitados, etc.

Bem diferente é a atitude de Deus, pois perdoa o seu povo, cura-lhe os males, resgata a sua vida do fosso, coroa-o de fidelidade e de ternura, nutre o seu vigor e rejuvenesce-o como a águia, que pode chegar a viver 50 anos (Sl 140). Mas de que forma Deus realiza isso?

Segundo o profeta Oséias, na primeira leitura, levando-o para o deserto. Para o deserto? Ao que parece, o amor de Deus começaria sem promessa de bem-estar e de vida mansa. O amor divino visa a castigar as pessoas?

Não! Deus não leva o seu povo ao deserto para fazê-lo habitar aí; leva-o para afastá-lo de todas as vozes, ilusões e promessas dos pregoeiros da morte e do ódio; no silencio do deserto, Deus poderá falar-lhe não só ao ouvido, mas ao coração, ao mais profundo do ser. Então Deus fará nova aliança, unindo seu povo a si para sempre, por meio da justiça, do direito, do amor e da fidelidade; o povo conhecerá profundamente seu Senhor e poderá agir segundo sua vontade.

Esse pacto será gravado no coração e na ida da comunidade, essa será a carta de Deus, a carta de Cristo, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tabuas de pedra, quebradas por Moises, mas em tabuas de carne, no mai intimo dos ser (segunda leitura). Todo mundo poderá ler na vida das pessoas a marca da aliança com Deus.

Essa carta, porem, pode correr o risco de se transforma em letra morta se a comunidade não voltar constantemente ao deserto, às fontes revigorantes do contato com Deus. Devemos sempre despir-nos do homem velho, dos trapos de nossos comportamentos e mentalidade, para revestir-nos do novo que Deus quer realizar em nós. Nossos corações de pedra ou de madeira poder precisam ser substituídos por odres novos para acolher o vinho novo do Evangelho.

O jejum é um modo de ir ao deserto, de relativizar até mesmo aquilo que nos é vital – o alimento, a bebida – para reacender em nós a lembrança e a convicção daquilo que é essencial, o amor de Deus e dos irmãos. É preciso ter cuidado, porém, para não transforma a ida ao deserto, o jejum e as praticas religiosas em atos mecânicos e vazios, desencarnados da vida.

Percebemos os frutos do verdadeiro jejum, do deserto e da busca sincera de Deus através da pratica da fidelidade, da justiça e do amor, pois estas são coisas que Deus ensina àqueles que verdadeiramente o buscam e o encontram.

(Paulo Ferreira Valério – padre capuchinho)

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