
Ásperos caminhos anda
Um peregrino, em demanda
Da alegria que não tem.
E a quantos sobre isto fala,
Todos lhe mandam buscá-la
Mais além.
Foi aos palácios doirados,
Cruzou por salas e estradas,
Rogando se a vira alguém.
E ao som do baile ou da orgia,
Sempre uma voz lhe dizia:
Mais além.
Aos pastores, às serranas
Pergunta, se nas cabanas,
Mora oculta por seu bem.
E eles, que a dor não escondem,
Curvando a fronte respondem,
Mais além.
Penetra, com desalento,
Pelos claustros dum convento,
Ante um altar se detém.
E orando aí largos meses,
Ouve às vezes, só às vezes:
Mais além.
Por fim, ao jazigo santo,
Com os olhos rasos de pranto,
Buscar a alegria vem.
E uma figura encarnada,
Abrindo a campa lhe brada:
Mais além!
Júlio Alarcon
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