"Os pais criam os filhos procurando fazer o melhor. Deixam que a criança faça o que tem vontade, releva erros e sempre os coloca em primeiro plano. É preciso aprender a dizer não." (Dr. Içami Tiba)
"A criança não reconhece a ajuda recebida." (Dr. Içami Tiba)
Na grande maioria das famílias, o pai e a mãe trabalham e passam o dia inteiro fora de casa, os pais procuram fazer o melhor e geralmente chegam em casa carregados de culpa por terem deixado seus filhos tanto tempo sozinhos e as crianças aprendem rapidamente a tirar proveito desta situação. Os filhos, à espera em casa, pequenos ditadores cheios de vontades, exigem o que querem e os pais não sabem como negar. "Eu não quero comer isso. Não quero tomar banho agora. Não vou desligar o computador. Não estou com sono." Sabem como ninguém dizer NÃO, mas o mesmo não vale para os pais. Procurando fazer o melhor para os filhos, deixam que estes façam o que querem e não conseguem dizer “não”.
A criança aprende desde cedo, bebê ainda, que pode controlar, pode conseguir o que quer: comer só o que quer e quando tem vontade, assistir programas de TV até tarde. O resultado disso é que não educam as suas vontades.
Dr. Içami sugere que observe a porta de uma escola, o filho vêm na frente, às carreiras, perseguido pela mãe ofegante, tentando acompanhar-lhe os passos, carregando uma mochila pesada onde, além dos livros, eles carregam carrinhos e outros brinquedos. Na porta, a mãe entrega seu fardo ao filho que não lhe retribui sequer com um beijo. “A criança não sente gratidão e nem reconhece a ajuda recebida”, analisa o Dr. Içami.
O psiquiatra lembra que há 20 anos, a figura paterna era uma autoridade consagrada. “Quando havia frango no cardápio, quem comia a melhor parte eram os pais. Para nós, sobravam a asa e o pescoço. Hoje, não queremos que os nossos filhos comam asa e pescoço. E o que eles comem? Peito e coxa. E o que sobra para nós? Asa e pescoço. Somos, portanto, uma geração asa e pescoço”, conclui. Diz ainda que as exigências do trabalho são um fator determinante nessa troca de papeis entre pais e filhos.
De acordo com a psicopedagoga Rosa Silvestre Santos, o autoritarismo paterno acabou para dar início à “filhocracia”. “São os pais que acabam por obedecer à vontade dos filhos”.
E isso pode ser observado em qualquer lugar, sempre podemos ver uma criança berrando atrás de uma mãe envergonhada, exigindo alguma coisa. E muitas vezes estas exigências não estão no orçamento doméstico. Os olhares se voltam para a mãe que, constrangida, acaba cedendo aos desejos do filho.
Essa mudança no padrão familiar colabora para que os pais se sintam acuados e nestes 20 anos, explica Dr. Içami, o número de filhos caiu da média de sete por família para dois filhos por família. E o número de filhos únicos cresceu.
Tanto Rosa como o Dr. Içami são unânimes em afirmar que os pais têm que reassumir o comando da educação dos filhos, aprender a dizer uma palavra simples: NÃO.
Dizer não desde que a criança começa a andar e explorar o espaço é muito importante para aprender a conviver com limites, dando o senso de responsabilidade, irá aprender a lidar com as frustrações e sentirem-se seguros.
“A falta de limites pode levar à insegurança, a rebeldia e a uma falsa sensação de poder que será destruída pela realidade do mundo fora do lar”, observa Rosa.
Cabe aos pais dizer não com doçura e firmeza, explicando com clareza, quando for possível, as razões pelas quais não obedecerá ao seu desejo. Dr. Içami afirma que em último caso, quando faltarem argumentos é bom fazer prevalecer a boa velha autoridade paterna.
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